🎙️ Capítulo 13 – Perfis de Risco: Cultura, Comportamento e Decisão em Grandes Organizações
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Em grandes corporações e na esfera de governo, a gestão de riscos costuma ser apresentada como algo técnico: matrizes, relatórios, indicadores, frameworks alinhados a normas como a ISO 31000. Mas, na prática, o que decide a qualidade dessas decisões não é apenas o método, e sim a forma como as pessoas percebem e lidam com a incerteza. Antes de ser um processo, risco é um modo de ver o mundo.
Neste capítulo da série “Gestão de Riscos Sem Fronteiras – da ISO 31000 à Transformação Digital”, fazemos um zoom na dimensão humana da gestão de riscos: os perfis de risco que emergem quando líderes, gestores e equipes se veem diante do desconhecido. A partir de uma reflexão inspirada em Dan Borge e em abordagens contemporâneas de gestão de riscos, exploramos quatro perfis fundamentais: o fatalista, o fanático, o “científico” e o gestor de riscos.
O perfil fatalista é aquele que enxerga o risco como algo inevitável. No discurso, aparece em frases como “sempre foi assim”, “não tem o que fazer”, “quando tiver que acontecer, vai acontecer”. Em grandes organizações, essa postura abre espaço para improvisos, baixa preparação e pouca valorização de aprendizagem a partir de incidentes. Planos até existem, mas são tratados como formalidade.
No outro extremo está o perfil fanático. Obcecado por evitar qualquer problema, ele tenta eliminar todo risco do sistema. Em ambientes corporativos e governamentais, isso se traduz em camadas de controle, burocracia excessiva, morosidade e medo de tomar decisões. O foco deixa de ser criar valor e proteger a estratégia, e passa a ser apenas “não dar problema” – o que, em si, se torna um risco organizacional.
O perfil “científico” entra com uma contribuição essencial: dados, modelos, análises estruturadas, cenários, estatísticas. Ele representa o esforço de racionalizar o risco, trazendo disciplina analítica para a tomada de decisão. No entanto, quando isolado, esse perfil pode superestimar o poder explicativo do passado e subestimar a incerteza real: mudanças políticas, rupturas tecnológicas, crises sistêmicas, comportamentos humanos imprevisíveis.
Por fim, chegamos ao perfil do gestor de riscos. Ele compartilha com o “científico” o apreço pela racionalidade, mas muda o objetivo: em vez de buscar a verdade absoluta sobre o risco, quer tomar decisões melhores hoje, com o que se sabe e com o que não se sabe. O gestor de riscos integra dados, experiência prática e imaginação disciplinada. Reconhece o valor de normas e frameworks – como a ISO 31000 e metodologias de avaliação de riscos – mas entende que nenhum modelo substitui o julgamento humano e a conversa qualificada.
Ao longo do episódio, discutimos como esses perfis se manifestam no dia a dia de grandes empresas e governos:
– na forma como crises são tratadas,
– na qualidade dos debates sobre apetite e tolerância ao risco,
– na disposição de ouvir alertas técnicos,
– e na coragem – ou falta dela – para assumir riscos estratégicos de forma consciente.
Este capítulo é especialmente relevante para líderes, conselheiros, gestores de risco, profissionais de segurança, compliance, auditoria, continuidade de negócios e segurança da informação, bem como para quem atua em órgãos públicos e precisa equilibrar controle, accountability e entrega de valor para a sociedade.
Você vai sair deste episódio com uma pergunta poderosa: qual desses perfis domina hoje a cultura da sua organização – e qual deveria dominar? A partir daí, frameworks, normas e ferramentas deixam de ser apenas obrigações formais e passam a ser instrumentos de uma cultura de risco mais madura, crítica e preparada para um mundo em transformação.