Obtenez 3 mois à 0,99 $/mois

OFFRE D'UNE DURÉE LIMITÉE
Page de couverture de Alimentação, higiene, uso de antibióticos: como evitar a resistência microbiana

Alimentação, higiene, uso de antibióticos: como evitar a resistência microbiana

Alimentação, higiene, uso de antibióticos: como evitar a resistência microbiana

Écouter gratuitement

Voir les détails du balado

À propos de cet audio

De acordo com o relatório anual da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a resistência microbiana, publicado em outubro, um sexto das infecções bacterianas confirmadas em laboratório e mais comuns em humanos é resistente aos antibióticos. Taíssa Stivanin, da RFI em Paris Vários fatores contribuem para esse cenário, explicou o infectologista francês Sylvain Diamantis, membro da Sociedade de Doenças Infecciosas de língua francesa, que atua no hospital de Melun, na região parisiense. Ele cita, por exemplo, a prescrição de antibióticos para aumentar a massa muscular de bovinos e frangos de corte na agroindústria, o que facilita o aparecimento de micróbios resistentes. “A comunidade científica é claramente contra o uso de antibióticos como fator de crescimento em bovinos e aves”, diz o infectologista. As leis europeias proíbem a prescrição de antibióticos em animais que geram resistência nos humanos. “É uma questão que está atualmente no centro dos debates. O objetivo é que essas leis sejam adotadas em todo o planeta, para que o mundo humano e animal seja obrigado a respeitar as normas de prescrição em antibioterapia. A resistência microbiana é um fenômeno de saúde global, um reflexo da sociedade como um todo.” A França é um país que tradicionalmente prescreve muitos antibióticos, e isso se deve à sua própria história. No século XIX, o cientista Louis Pasteur, que hoje empresta seu nome ao famoso instituto francês com o qual o Brasil mantém várias parcerias, foi um pioneiro da microbiologia. Pasteur descobriu que as bactérias, presentes em toda parte no mundo e no organismo, podem também provocar doenças. Seus estudos estão na origem da adoção de hábitos de higiene simples, como lavar as mãos, essenciais na luta contra a propagação dos micróbios nocivos. Com a invenção da penicilina em 1928 por Alexander Fleming, uma das maiores descobertas da Medicina, o combate às bactérias ganhou outra dimensão social. “Na época, pensávamos que um ‘bom micróbio era um micróbio morto’, e os antibióticos começaram a ser muito usados”, lembra o infectologista francês. Segundo ele, o fato de a França ter grandes empresas do setor farmacêutico, como a Sanofi, também contribuiu para a popularização do uso das moléculas e o aumento das prescrições. O contexto social francês impulsionou o consumo e, ao longo das décadas, gerou um aumento progressivo da resistência bacteriana, explica o especialista francês. Mas a taxa está em diminuição há alguns anos, como resultado do lançamento de campanhas que alertam para o uso de antibióticos sem indicação precisa e da incorporação gradual de regras rígidas de higiene nos hospitais franceses, reforçadas após a pandemia de Covid-19, em 2020. “A França tem um nível alto de higiene nos hospitais, com o uso de produtos hidroalcoólicos que interrompem a transmissão das bactérias entre os profissionais de saúde nos estabelecimentos. Graças a isso, diminuímos a nossa taxa de resistência.” Mas, apesar das precauções, diz, os índices nos estabelecimentos franceses ainda permanecem elevados devido à circulação de pacientes de vários lugares do mundo, que às vezes carregam cepas bacterianas sofisticadas. Precisa mesmo de antibiótico? Seja no hospital ou em casa, uma das maneiras de lutar contra o aparecimento das bactérias super-resistentes é, obviamente, não ficar doente. Para isso, a adoção coletiva de hábitos básicos de higiene, como a lavagem das mãos, além de manter o calendário vacinal em dia, é essencial. De acordo com o infectologista, também é importante deixar de utilizar moléculas que geram mais resistência, como as cefalosporinas de terceira geração e as fluoroquinolonas, ambas de largo espectro, ou seja, que tratam diferentes tipos de infecções. Na França, esses dois antibióticos são prescritos principalmente por clínicos gerais, diz Sylvain Diamantis. “O grande desafio da estratégia nacional contra a resistência antimicrobiana é não prescrever antibióticos sem necessidade. Em estudos que fizemos, constatamos que apenas 20% das consultas nos consultórios médicos franceses são infecções bacterianas.” Segundo ele, as prescrições de antibióticos fora dos hospitais poderiam diminuir em 60%, já que bronquites, sinusites e outras doenças banais são, na maior parte do tempo, virais, e os antibióticos não vão acelerar a cura, como imaginam muitos pacientes. No caso da gripe, por exemplo, os antibióticos são prescritos, em geral, alguns dias depois do início da doença, após o retorno da febre, para prevenir infecções secundárias. A doença é caracterizada por uma febre em V, ou seja, começa alta, diminui e depois aumenta de novo, para finalmente ceder. De acordo com o infectologista, isso faz com que os pacientes atribuam de maneira errônea a melhora ao antibiótico, fazendo uma associação ...
Pas encore de commentaire