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Page de couverture de 'Câmera é um novo arco e flecha', explica Edgar Xakriabá ao lançar fotolivro em Paris

'Câmera é um novo arco e flecha', explica Edgar Xakriabá ao lançar fotolivro em Paris

'Câmera é um novo arco e flecha', explica Edgar Xakriabá ao lançar fotolivro em Paris

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O fotógrafo Edgar Kanaykõ Xakriabá, do povo Xakriabá (Minas Gerais), relançou o fotolivro Hêmba (Fotô Editorial, 2023) no Espace Frans Krajcberg, em Paris, no dia 19 de novembro. O livro é uma extensa investigação sobre o significado da imagem vista por uma cultura munida de seus próprios cânones.

Patrícia Moribe, em Paris

“O fotolivro se chama Hêmba, que na nossa língua Akêm Xakriabá quer dizer tanto imagem, alma ou espírito”, explica o artista. Ou seja, uma fotografia. Ele destaca que esse conceito – de que a imagem não está separada do corpo e do espírito – é compartilhado por diversos povos indígenas no Brasil.

A fotografia como "novo arco e flecha"

A trajetória de Edgar com a imagem se intensificou após seu ingresso na universidade, estudando antropologia visual, mas começou em seu próprio território. Segundo ele, embora as pinturas corporais já fossem uma forma de expressar a imagem, a chegada da tecnologia inicialmente representou um risco. Entretanto, essa percepção se transformou em estratégia de resistência.

“Percebemos que a câmera, a tecnologia de modo geral chegando nos territórios, era também um perigo e discutimos como a gente poderia transformar esse perigo em instrumento de luta”, relata. “Eu costumo dizer: a câmera para nós é nosso novo arco e flecha”.

Sua produção fotográfica e imagética está amplamente pautada no registro do movimento indígena no Brasil e das festas e rituais no território Xakriabá.

A luta por territórios e telas

A presença de sua obra em eventos internacionais, como a feira Paris Photo e o lançamento no Espace Frans Krajcberg, é definida pelo artista como parte de uma luta mais ampla, que vai além da demarcação física. Segundo Edgar, trata-se de “uma disputa por território”.

Essa disputa envolve ocupar espaços de visibilidade para divulgar o ponto de vista indígena sobre o mundo. O fotógrafo insiste na necessidade de marcar presença nos meios artísticos, como evidencia a citação do líder Ailton Krenak:

“Além de a gente lutar para poder marcar terras, a gente luta para poder marcar telas, as telas das artes, do cinema, da arte de modo geral”.

Reivindicações territoriais Xakriabá

O povo Xakriabá enfrentou historicamente intensas lutas contra missões religiosas, a proibição de sua língua e rituais, além da exploração agropecuária antiga e persistente. A demarcação de seu território ocorreu apenas após a chacina de 1988, que vitimou várias lideranças.

Apesar da conquista histórica, Edgar esclarece que ela foi insuficiente, tornando a ampliação territorial a principal reivindicação atual de seu povo. “Nem um terço do que nos é de direito foi demarcado [em 1988]”. Eles ainda lutam “pela ampliação do território, principalmente para chegar à margem do rio São Francisco”.

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