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Page de couverture de 'Nas Entrelinhas': o guia de Maria Marques indispensável para tradutores e aficionados pelo francês

'Nas Entrelinhas': o guia de Maria Marques indispensável para tradutores e aficionados pelo francês

'Nas Entrelinhas': o guia de Maria Marques indispensável para tradutores e aficionados pelo francês

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Imagine chegar à França nos anos 80, sem internet, sem celular e sem brasileiros por perto. Foi assim que Maria Marques aprendeu francês: mergulhada na vida cotidiana da Córsega, ilha mediterrânea de paisagens deslumbrantes, onde “ou eu falava francês, ou eu falava francês”, como ela resume. Quatro décadas depois, a carioca lançou "Nas Entrelinhas", um guia prático de tradução do francês para o português, pela editora Longarina.

Formada em Língua e Civilização Inglesa e Francesa pela Sorbonne Nouvelle, Maria atua como tradutora há 35 anos, além de ter sido durante vários anos professora do mestrado de tradução da Escola Superior de Intérpretes e Tradutores de Paris (École Supérieure d'Interprètes et de Traducteurs).

O livro reúne 1001 verbetes que mostram como uma mesma palavra pode assumir sentidos inesperados conforme o contexto em que é utilizada. “Do francês para o português existem dicionários unilíngues, bilíngues, mas eles não são suficientemente extensos e profundos para as necessidades do tradutor”, observa. “Eles dão uma definição, mas não explicam tudo”, completa.

A ideia do guia nasceu de uma prática diária: anotar as palavras que a faziam “tropeçar” no momento de escolher a melhor tradução. “Tropeçar é parar, pesquisar, refletir, perguntar para colegas”, conta. Ao longo de 15 anos, Maria colecionou expressões que desafiam tradutores e selecionou aquelas mais frequentes ou mais traiçoeiras. “Na pandemia, percebi que já tinha quase mil verbetes. Com 536 páginas, ficou um guia robusto, mas ainda manejável.”

Surpresas

Entre os exemplos, há surpresas para quem pensa conhecer bem o francês. Ménage, por exemplo, ocupa duas páginas. “Os brasileiros conhecem pelo ménage à trois, mas ménage também é lar, casal, família... e faxina!”, brinca. Essa multiplicidade revela, segundo ela, “a capacidade da língua francesa de criar imagens muito ricas”, algo que fascina a tradutora até hoje.

Maria também coleciona histórias curiosas do ensino. “Uma estudante traduziu a expressão à vol d’oiseau como ‘no voo do pássaro’”, lembra, rindo. “Na verdade, significa ‘em linha reta’. Esse exemplo foi direto para o trono!” Casos assim reforçam a importância do contexto e da sensibilidade cultural na tradução – algo que nenhum dicionário resolve sozinho.

'Ouvir a música da língua'

Falando em cultura, Maria destaca um capítulo essencial da sua trajetória: os quatro anos vividos na Córsega, durante a década de 1980. “Não existia internet, nem celular, nem WhatsApp. Então eu lia jornais, revistas, livros, e ficava teimosamente até entender a engrenagem da frase”, conta. Essa imersão, para ela, foi decisiva. “A formação acadêmica é importante, mas não basta. É preciso viver a cultura, ouvir a música da língua.”

Essa música, aliás, é tão forte que Maria confessa: “Se um dia me disserem: você vai traduzir para português de Portugal ou para francês? Eu prefiro francês. Porque eu tenho a música do francês nos meus ouvidos.” Uma declaração que resume bem a paixão de quem fez da tradução não apenas um ofício, mas uma forma de vida.

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