Ué, Você, não disse, que a Vaca sempre tem razão? (Episodio 34-Lado A-Vai Tomar No dino)
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Diziam que no alto das colinas de um vilarejo esquecido, havia uma vaca que nunca errava.
Chamavam-na Sábiavaca.
Ela não falava como as pessoas — mas quem a olhava nos olhos, entendia. Era um olhar calmo, fundo, como se o tempo parasse dentro dele. Dizem que ao fitar Sábiavaca, você ouvia a própria verdade que evitava escutar.
Certa vez, um homem subiu o morro chorando. Havia perdido tudo: o dinheiro, a família, a fé.
— “O que eu faço agora?”, perguntou, mesmo sabendo que ela não responderia.
A vaca apenas se virou lentamente para o horizonte, onde o sol se punha.
O homem entendeu.
Desceu a colina e, no silêncio, percebeu que não precisava recuperar o que perdeu — precisava aprender a estar inteiro, mesmo sem nada.
Outro dia, veio uma moça.
— “Eu amo um homem que não me vê”, disse.
Sábiavaca mugiu baixo, como o som de um trovão dormindo. Depois, se afastou para pastar sozinha.
A moça compreendeu: “Quem se perde de si, nunca é visto por ninguém.”
Com o tempo, o vilarejo inteiro começou a subir até ela, buscando respostas. Mas Sábiavaca nunca dizia palavras, nem fazia milagres. Só estava ali — quieta, presente, verdadeira.
E a presença dela era uma resposta maior que qualquer frase.
Um velho pastor, antes de morrer, disse:
“A vaca não tem razão porque sabe mais.
Ela tem razão porque não precisa provar nada.”
Desde então, contam que, nas noites de neblina, ainda se ouve um mugido distante, vindo da colina.
E quem escuta… sente uma estranha paz, como se finalmente tivesse entendido algo — mas não soubesse colocar em palavras.