Obtenez 3 mois à 0,99 $/mois

OFFRE D'UNE DURÉE LIMITÉE
Page de couverture de Linha Direta

Linha Direta

Linha Direta

Auteur(s): RFI Brasil
Écouter gratuitement

À propos de cet audio

Bate-papo com os correspondentes da RFI Brasil pelo mundo para analisar, com uma abordagem mais profunda, os principais assuntos da atualidade.France Médias Monde Politique
Épisodes
  • Greve geral histórica em Portugal paralisa transportes, fecha escolas e pressiona hospitais
    Dec 11 2025
    Portugal enfrenta nesta quinta-feira (11) uma greve geral histórica, a primeira em 12 anos convocada em conjunto pelas duas maiores centrais sindicais do país, CGTP e UGT. A paralisação é uma reação direta ao polêmico pacote trabalhista apresentado pelo governo de Luís Montenegro, que propõe mais de cem mudanças na legislação laboral. Lizzie Nassar, correspondente da RFI em Lisboa. Os efeitos da greve começaram ainda na noite de quarta-feira (10) e se intensificaram nas primeiras horas da manhã desta quinta. Os trens foram os primeiros a registrar problemas, com parte da circulação interrompida durante duas horas no período da manhã, com destaque para a região do Porto, onde quase metade das linhas foi suspensa. A CP, empresa responsável pela operação, funciona apenas com serviços mínimos até sexta-feira (12), e muitos passageiros enfrentaram atrasos de mais de meia hora. Para tentar contornar o caos, empresas e trabalhadores combinaram atrasos tolerados ou home office. Em Lisboa, o metrô não abriu as portas: permanece totalmente fechado desde as 6h da manhã e só volta a operar na madrugada de sexta. No Porto, apenas a linha amarela funciona; todas as outras estão interrompidas. Quem buscou alternativas também encontrou dificuldades. A Carris, empresa de ônibus de Lisboa, opera apenas com 12 carros, todos com intervalos bem maiores que o normal. Nas travessias fluviais pela Transtejo e Soflusa, apenas 25% das ligações são mantidas, e somente nos horários de pico. O setor aéreo é outro que sente o impacto: a TAP opera hoje com apenas um terço dos voos e a companhia angolana TAAG cancelou o voo diurno para Lisboa. Escolas fecham e hospitais enfrentam pressão Muitas escolas permanecem fechadas. Pais foram avisados previamente para se prepararem, mas a paralisação ainda assim gerou transtornos. A Fenprof, maior federação de professores, já previa uma adesão alta — e isso se confirmou. O setor da saúde, por sua vez, já vinha registrando sinais de colapso antes mesmo da greve. Os tempos de espera nas emergências, em média, ultrapassavam 10 horas, podendo chegar a 15 horas em alguns casos, muito acima da recomendação de uma hora para atendimento inicial. Nesta quarta, apenas os serviços mínimos estão garantidos: emergências, internações, quimioterapia, radioterapia e cuidados inadiáveis. Mas o sistema já estava sobrecarregado — falta pessoal, faltam recursos e a exaustão das equipes é evidente. Para profissionais e pacientes, o sentimento é de desgaste acumulado. O que está em jogo: o pacote trabalhista A proposta do governo traz mais de cem mudanças na lei do trabalho. Os pontos mais criticados são: - 150 horas extras obrigatórias por ano, podendo ser impostas unilateralmente pela empresa.- Contratos temporários mais longos, passando de dois para três anos; o que sindicatos consideram um estímulo à precarização.- Regras mais rígidas sobre horários de mães que amamentam, reduzindo o período de flexibilidade.- Novas limitações para pais com filhos até 12 anos pedirem horários adaptados. Os sindicatos dizem que as medidas representam perda de direitos históricos, atingindo principalmente mulheres, famílias monoparentais e trabalhadores mais vulneráveis. Já o governo afirma que o objetivo é “modernizar” o mercado de trabalho e aumentar a competitividade do país. Como a população reage Segundo pesquisas recentes, 61% dos portugueses apoiam a greve geral. Ainda assim, há muita irritação no dia a dia: a paralisação acontece em pleno dezembro, mês de intenso movimento nas cidades, e deixa milhares de pessoas sem opção de deslocamento. Leia tambémPortugal oferece treinamento a imigrantes em profissões com falta de mão de obra A proposta de revisão da legislação trabalhista, chamada “Trabalho XXI”, foi apresentada pelo governo em 24 de julho. Porém, à medida que o conteúdo da reforma foi sendo discutido na Concertação Social, CGTP e UGT passaram a denunciar o pacote como um ataque aos direitos dos trabalhadores. O acúmulo dessas tensões levou as duas centrais, que raramente atuam juntas, a convocarem a atual greve, a primeira conjunta desde 2013. Mesmo após apresentar uma nova versão com algumas concessões, o governo sinalizou que não pretende prolongar indefinidamente a negociação, e que, com ou sem acordo social, o texto seguirá para debate e votação na Assembleia da República nos próximos meses, após a conclusão do ciclo orçamentário.
    Voir plus Voir moins
    5 min
  • 'Mimados?': entenda por que os jovens alemães recusam o serviço militar
    Dec 10 2025
    Diante de uma crescente ameaça de conflito vinda do leste, o Parlamento alemão aprovou, na sexta-feira (5), o chamado Novo Serviço Militar, uma reforma que mantém o serviço voluntário, mas estipula regras mais rígidas e que – reconhece o próprio governo – pode levar à obrigatoriedade no futuro. A nova lei foi recebida com protestos de jovens em 90 cidades, e a Alemanha agora se pergunta: ninguém mais está disposto a defender o seu país? Gabriel Brust, correspondente da RFI em Düsseldorf Os protestos levaram cerca de 3.000 pessoas às ruas de Berlim. A partir de 2026, todos os homens, ao completarem 18 anos, deverão responder a um questionário e passar por avaliação médica. O objetivo do governo é aumentar o efetivo voluntário das Forças Armadas em 80.000 militares, chegando a 260.000. O serviço continua sendo opcional, mas se os números não forem atingidos, a lei deixa espaço para uma reintrodução da obrigatoriedade no futuro. “Não quero morrer em uma guerra” Diferentes pesquisas apontam para uma aprovação geral da população alemã à volta do serviço militar obrigatório (cerca de 70%), mas o cenário muda, é claro, quando a pesquisa é feita junto ao grupo mais afetado, os jovens a partir de 18 anos. Pesquisas mostram números discrepantes, com aprovação à obrigatoriedade variando entre 30% e 54%. Nos protestos da última semana, os cartazes iam do pacifismo até críticas ao governo e à própria Bundeswehr, as Forças Armadas alemãs. Alguns depoimentos colhidos pela revista Der Spiegel incluíram: "Não tenho nenhum desejo de morrer em uma guerra ou passar seis meses da minha vida em um quartel.” Houve também pautas alinhadas com a nova geração: “Toda hora se ouve falar de bullying, sexismo, racismo ou até mesmo redes de extrema direita na Bundeswehr. Acho isso abominável”, declarou um jovem de 17 anos da cidade de Münster. “Criamos uma geração mimada” A obrigatoriedade do serviço militar foi abolida na Alemanha em 2011 e, segundo especialistas, é inevitável que ela terá de ser reintroduzida se o país quiser se preparar para conflitos futuros. O psicólogo Rüdiger Maas, pesquisador especializado na chamada Geração Z (pessoas entre 15 e 30 anos), diz que os jovens que viveram este hiato de serviço militar opcional “nunca imaginaram que seriam submetidos a um serviço militar obrigatório”. “Eles cresceram em um mundo no qual nada era obrigatório para eles, exceto frequentar a escola. E de repente surge uma guerra à porta do país e esperam que eles defendam a nação com armas na mão”, disse Maas, em entrevista ao jornal Die Zeit, em outubro, quando do início do debate da nova legislação. Os estudos de seu instituto de pesquisas geracionais mostram que 81% dos jovens alemães não estão dispostos a morrer pelo país e 69% não defenderiam o país com armas. Esse número representa o dobro, por exemplo, dos jovens na Suíça. A explicação, para ele, seria justamente que no país vizinho o serviço obrigatório nunca foi suspenso: ”A consciência de que se deve defender militarmente o próprio país em caso de crise é muito mais forte entre os jovens suíços”. Maas vai mais longe em sua análise e vaticina: “Os jovens estão mimados. Mas quem os mimou? Nós, os mais velhos, temos grande responsabilidade nisso, com nossa superproteção”. Ele aponta outros exemplos anedóticos que apoiariam sua tese: o número de jovens que passam com a nota máxima no “ENEM alemão” disparou – o que denotaria uma menor exigência das escolas – e a decadência dos clubes esportivos, uma tradição alemã, em que jovens praticavam esportes de forma rígida, com horário marcado e frequência obrigatória. A nova geração está preferindo academias de ginástica flexíveis, em que eles fazem sua própria rotina. Jovens descontentes com o país Para outro pesquisador da juventude alemã, Simon Schnetzer, é preciso levar em consideração uma certa frustração da juventude atual: "Dizem que eles cresceram em um ambiente de prosperidade, mas também vemos que as coisas não estão indo bem no momento: problemas como as ferrovias, as políticas de previdência ou a inflação”, disse Schnetzer ao canal de TV público alemão ZDF. Para ele, esta seria uma geração duplamente penalizada: primeiro com a pandemia, que roubou um tempo precioso da juventude, e, agora, com uma exigência militar que pouco ou nada ouviu os jovens no processo legislativo. Influência da extrema direita Na última eleição parlamentar alemã, o partido de extrema direita AfD triplicou seus votos entre os jovens. Na votação da lei que instituiu o novo serviço militar, o partido retribuiu os votos e se posicionou francamente contra o projeto – que foi aprovado graças à maioria formada por CDU e SPD, a coalizão de centro-direita e centro-esquerda. Segundo Rüdiger Mass, a AfD alimenta um discurso pessimista entre os jovens sobre o ...
    Voir plus Voir moins
    5 min
  • Críticas crescem após acordo europeu para endurecer política migratória
    Dec 9 2025

    Pacote migratório europeu avança após consenso entre ministros e provoca críticas de organizações de direitos humanos. O novo conjunto de medidas representa uma guinada na política de imigração e asilo no bloco, a maior dos últimos anos. O objetivo declarado é reduzir a entrada irregular de migrantes e melhorar a cooperação entre os Estados-membros.

    Artur Capuani, correspondente da RFI em Bruxelas

    As novas regras foram inicialmente propostas pela Comissão Europeia e avançaram após meses de negociações entre os 27 países da UE. Em Bruxelas, os ministros do Interior chegaram a um consenso, mas o acordo ainda precisa ser aprovado pelo Parlamento Europeu antes de entrar em vigor.

    O ponto mais emblemático do pacote é justamente a autorização para que migrantes irregulares sejam enviados a centros em países terceiros, algo sem precedentes em escala europeia. As medidas também endurecem punições para quem não cooperar com processos de retorno, incluindo a possibilidade de prisão. Outro elemento central é a criação de mecanismos que permitam a um país executar a decisão de deportação emitida por outro governo do bloco.

    Os ministros também aprovaram o chamado mecanismo de solidariedade para 2026, que busca apoiar os países que recebem maior volume de pedidos de asilo. Atualmente, um grupo de nove Estados-membros apoia o endurecimento das regras, entre eles Bélgica, Itália, Áustria, Polônia e Dinamarca. A Dinamarca ocupa a presidência rotativa do Conselho Europeu e desempenhou papel importante para acelerar o processo de adoção das normas.

    Os centros previstos fora da União Europeia poderão atuar como pontos de triagem ou como destino final para migrantes irregulares. Mas há forte resistência. A Anistia Internacional comparou as medidas à política migratória implementada pelo presidente Donald Trump nos Estados Unidos e classificou o sistema como cruel e inviável. Segundo a organização, transferir migrantes à força para países com os quais não têm qualquer vínculo pode violar o direito internacional.

    Críticas dos Estados Unidos

    Um outro tipo de crítica também veio dos Estados Unidos, que divulgou sua nova Estratégia de Segurança. Para a administração republicana de Trump, a política imigratória europeia é branda. O documento afirma que a Europa enfrenta declínio populacional e risco de um “apagamento civilizacional nos próximos 20 anos ou menos”.

    As declarações não foram bem recebidas em Bruxelas. O presidente do Conselho Europeu, António Costa, rebateu as críticas e afirmou que a prioridade do continente deve ser adaptar suas alianças ao cenário geopolítico pós-Segunda Guerra. O governo alemão também rejeitou a avaliação feita pelos americanos.

    Fluxo migratório em queda

    Os números mais recentes mostram que a União Europeia registrou mais de 143 mil entradas irregulares até novembro de 2025. O total representa queda de 31% em relação ao ano anterior e de 48% em comparação com 2023. A redução é atribuída, em parte, às políticas mais rígidas adotadas internamente por alguns países.

    A Itália, por exemplo, já mantém um acordo com a Albânia para instalar centros de deportação. A Holanda também firmou uma parceria semelhante com Uganda. Mesmo com o recuo nos números, a pressão política, especialmente de governos de direita, aumenta para que o novo pacote migratório europeu seja implementado o mais rapidamente possível.

    Voir plus Voir moins
    6 min
Pas encore de commentaire