Épisodes

  • Por que o Brasil perdeu 1982?
    Oct 24 2025

    A Copa de 1982 é a mais chorada pelos brasileiros na era moderna. Um Brasil encantador e aparentemente imbatível foi eliminado por uma Itália que não havia vencido um jogo sequer na primeira fase. Em uma derrota que teve ares de tragédia nacional, os torcedores brasileiros se dividiram sobre a culpa: seria de Serginho Chulapa, que nitidamente destoava do talento do time? Seria de Cerezo, que atravessou a bola que levou ao segundo gol da Itália? Seria de Júnior, que permaneceu estático na cobrança do escanteio e habilitou Paolo Rossi no terceiro gol? Abandonando a busca por um bode expiatório, este episódio analisa a derrota do Brasil taticamente, como uma problema coletivo. Passamos por toda a preparação da seleção para a Copa, observando as saídas utilizadas pelo técnico Telê Santana para povoar o lado direito do campo ao longo dos anos de 1980 e 1981, e discutimos as improvisações adotadas por ele durante a Copa em 1982.

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    59 min
  • O Falso Nove, de Sindelar a Cruyff
    Oct 17 2025

    Nos últimos anos, popularizou-se a expressão “falso nove” para designar um centroavante não fixo, que se movimenta em zonas nas quais não esperaríamos encontrá-lo. Neste episódio, contamos a história dessa invenção, que se remonta ao Wunderteam, da Áustria dos anos 1930. Esse time foi dirigido por Hugo Meisl e tinha como protagonista Matthias Sindelar, centroavante talentoso e móvel, apelidado de “Homem de Papel”, pelo seu corpo esbelto e estilo escorregadio. Sindelar foi um personagem fascinante da cultura dos cafés e morreu em circunstâncias misteriosas depois da anexação nazista da Áustria. A tradição do falso nove continuou com Nándor Hidegkuti, centroavante húngaro que, em 1953, infernizou os zagueiros ingleses com a dúvida: seguir ou não seguir o centroavante quando ele volta ao meio-campo? Como conclusão do episódio, falamos da revolução feita por Johan Cruyff, da Holanda dos anos 1960/70, na posição de centroavante, um legítimo precursor de Lionel Messi, que seria o falso nove por excelência no futebol do século XXI.

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    1 h et 10 min
  • O tri do Flamengo que mudou o futebol
    Oct 10 2025

    Este episódio é dedicado ao Flamengo 4 x 1 América-RJ que decidiu o Campeonato Carioca de 1955 e sacramentou o segundo tricampeonato estadual rubro-negro. A partida foi disputada em 04 de abril de 1956, no Maracanã, com a presença de um incrível público de 139.000 pessoas que incluía o Presidente da República, Juscelino Kubitschek. Quando contratou o técnico paraguaio Fleitas Solich, em 1953, o Flamengo amargava um jejum de nove anos sem títulos. Vencedor do Sul-Americano de 1953 com a seleção de seu país, Solich chegava como um grande inovador tático. O tricampeonato de 1953-55, conquistado sob a batuta do paraguaio, consolidou de uma vez por todas a linha de quatro defensores e a marcação por zona, que são características do futebol brasileiro depois exportadas para o resto do mundo. O inventor da linha de quatro, o mineiro Martim Francisco, que havia vencido o Campeonato Mineiro de 1951 com o Villa Nova, estava do outro lado, tendo comandado o América-RJ nos vice-campeonatos de 1954 e 1955 antes de ser demitido às vésperas desta final. A final de 1955 foi jogada, portanto, entre os dois clubes que inovaram taticamente no Rio de Janeiro daqueles anos, abandonando a camisa-de-força do WM e da diagonal. Formado por lendas rubro-negras como Dequinha e Pavão, e craques depois consagrados no futebol brasileiro, como Joel, Dida, Evaristo e Zagallo, o time de 1955 tem importância capital para o crescimento do Flamengo e papel destacado na história das táticas no futebol.

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    58 min
  • Cruzeiro 5 x 4 Internacional (Libertadores de 1976)
    Oct 3 2025

    Este é considerado um dos maiores jogos da história do futebol brasileiro. O Inter havia derrotado o Cruzeiro na final do Campeonato Brasileiro de 1975 por 1 x 0, em um jogo caracterizado pela supremacia das defesas sobre os ataques e pelas defesas antológicas de Manga em chutes de Nelinho. Na revanche, jogada pela Copa Libertadores, em 07 de março de 1976, no Mineirão, os ataques superaram as defesas, em um jogo espetacular, vencido pelo Cruzeiro por 5 x 4. A atuação de Joãozinho, com dois gols, uma assistência, e a jogada do pênalti decisivo, nos coloca uma pergunta interessante: em que momento devemos abandonar a análise tática e simplesmente dizer que um craque decidiu o jogo individualmente? Os erros de Figueroa, zagueiro brilhante que teve ali a pior partida de sua carreira, são um lembrete de que é sempre errado fazer avaliações peremptórias sobre um atleta baseado em um jogo. As espetaculares jogadas ofensivas que vemos aqui, cotejadas com alguns erros defensivos elementares, nos jogam na velha discussão: qual é o limite entre uma partidaça com muitos gols e uma pelada? Este episódio homenageia um dos times mais encantadores da história do Cruzeiro e um de seus craques mais geniais, Joãozinho.

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    50 min
  • 4-2-4 / 4-3-3: A invenção da linha de 4 no Brasil e na Hungria
    Sep 26 2025

    Formar uma linha de quatro defensores e marcar por zona são ações tão naturalizadas no futebol que muita gente imagina que elas sempre existiram. Nada mais longe da verdade, evidentemente. Como quase tudo no futebol, a linha de quatro defensores tem vários pais, mas os locais e data de nascimento são bastante precisos. Simultaneamente, no Brasil e na Hungria, ao longo da década de 1950, diferentes equipes passaram do WM (ou suas variações, como a diagonal) para a linha de quatro, consequentemente adotando a marcação por zona. Na Hungria, tanto Márton Bukovi como Gusztáv Sebes promoveram "a transformação do M em W", que incluía o recuo do centroavante ao meio-campo e a invenção da posição de falso nove. No Brasil, o Villa Nova campeão mineiro de 1951, dirigido por Martim Francisco, o Flamengo tricampeão carioca de 1953-55, dirigido pelo paraguaio Fleitas Solich, e o São Paulo campeão paulista de 1957, dirigido por Béla Guttmann, são creditados como os pioneiros na invenção da linha de quatro. Este episódio reconstrói a história da invenção da linha de quatro até a Copa de 1958, em que o Brasil triunfou surpreendendo o mundo com esse esquema.

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    1 h
  • A Canarinho hostilizada: MG, RS e BA detonam a seleção
    Sep 19 2025

    O Brasil é a única potência do futebol em que uma parcela minoritária, mas significativa, da população torce contra a seleção nacional. O tamanho dessa minoria oscila, mas ela existe sempre, e se move por motivos ora políticos, ora regionais, ora estritamente futebolísticos. O episódio desta semana do Meio de Campo analisa três jogos paradigmáticos desse fenômeno: Atlético Mineiro 2 x 1 Brasil (1969), Seleção Gaúcha 3 x 3 Brasil (1972) e Brasil 3 x 1 Venezuela (1989). No "amistoso" (que de amigável nada teve) disputado no Mineirão em 1969, as feras de Saldanha comemoravam a classificação para a Copa e foram recebidas pelo Galo e pela maioria da torcida mineira com imensa motivação, já que a seleção incluía dois cruzeirenses, Piazza e Tostão, no time titular. Em 1972, já tricampeã, a Canarinho foi recebida em Porto Alegre com inédita união de gremistas e colorados na hostilidade a ela. Protestava-se contra a não convocação do lateral gremista Everaldo. A não convocação de um jogador da região também foi o estopim para a hostilidade baiana à seleção em 1989, quando se esperava que Charles, centroavante do Bahia, estivesse entre os selecionados. Este episódio é um mergulho nas idiossincrasias regionais brasileiras e na frequente cegueira do comando do futebol nacional, localizado no eixo RJ-SP, sobre as aspirações do resto do país.

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    53 min
  • São Paulo 2 x 1 Barcelona (1992): o maior time da história tricolor
    Sep 12 2025

    A final da Copa Intercontinental entre São Paulo e Barcelona, jogada em Tóquio em dezembro de 1992, foi precedida de um pacto inédito na história do futebol em alto nível. Os dois técnicos, Telê Santana e Johan Cruyff, se reuniram na véspera da partida, ante o testemunho do árbitro argentino Juan Carlos Lostau, e se comprometeram que suas equipes não recorreriam à violência nem à cera, e que qualquer de seus jogadores que o fizesse seria substituído. A vitória do São Paulo encerrou em definitivo o período em que um clube sul-americano podia reclamar, de forma indiscutível, a coroa de melhor time do mundo. Três outros clubes brasileiros voltaram a ser campeões do mundo, mas em jogos muito particulares, com atuações históricas de seus goleiros. No caso do São Paulo x Barcelona de 1992, tratava-se de um encontro de equipes gigantes em igualdade de condições e o SPFC foi superior. O jogo também representou a redenção definitiva de Telê Santana, depois de ser chamado de azarado, pé-frio, ingênuo ou até de incompetente nas Copas de 1982 e 1986. Este episódio analisa a disposição tática do jogo que marca a coroação do maior time da história do São Paulo Futebol Clube.

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    49 min
  • O triunfo do futebol moderno: Barcelona 2 x 0 Manchester United (2009)
    Sep 5 2025

    O "futebol moderno" nasceu com o Ajax e a Laranja Mecânica de Rinus Michels, nos quais brilhava o gênio de Johan Cruyff, continuou com o Barcelona do Cruyff ainda jogador nos 1970, e chegou à sua maturidade com o Barcelona dirigido por Cruyff no começo dos 1990. Embora essas equipes tenham sido vitoriosas, sempre faltou-lhes algo: a Laranja Mecânica perdeu as finais de 1974 e 1978, o Barcelona em que jogava Cruyff ganhou a liga mas não chegou a ser campeão europeu, e quando conquistou a sonhada Champions, com Cruyff no comando, o Barcelona sucumbiu ante o São Paulo de Telê Santana pela coroa mundial. Somente com o Barcelona comandado entre 2008 e 2012 pelo sucessor de Cruyff, Pep Guardiola -- volante chave na equipe dos 1990 --, o chamado futebol moderno, total, da escola holandesa-catalã, se afirmou indiscutivelmente como o melhor do mundo. Na final da Champions League de 2009, o favorito era o Manchester United. Os ingleses vinham dominando a competição e o ManU era o time de Rooney, Giggs, Evra, Tévez, Scholes e Cristiano Ronaldo. O campeão espanhol era uma equipe de talentosos, mas relativamente inexperientes espanhóis de nomes Xavi, Iniesta, Busquets e Puyol, acompanhados de um jovem gênio argentino ainda despontando para o mundo, Lionel Messi. Depois de dez minutos equilibrados, o jogo foi um massacre em que o ManU corria atrás da bola, o Barcelona desenhava triângulos com ela e o placar final de 2x0 esteve longe de traduzir a sensação de enorme superioridade de um lado sobre o outro. Este episódio destrincha taticamente uma das partidas mais importantes da era moderna, a final da Champions League de 2009.

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    53 min