Portuguese Short

Personalidades cujo comportamento foge à normalidade são presença marcante na obra de Machado de Assis. Um exemplo é este "A ideia do Ezequiel Maia", conto em que o protagonista nega a existência dos corpos, como se estes fossem mera ilusão do espírito, e procura uma forma de desvendar aquilo que confere a aparência material a tudo que se vê.

Extraído do livro "Histórias sem Data", "Conto alexandrino", de Machado de Assis, tem como cenário a antiga cidade egípcia de Alexandria. O enredo – verdadeira sátira à ciência cega – conta a história dos cientistas Stroibus e Pítias, que se tornam ladrões depois de usarem sangue de rato em si mesmos.

As personagens Mariana e Sofia não poderiam ser mais diferentes. Contudo, é sobretudo no diálogo delas que se constrói a trama deste "Capítulo dos Chapéus", conto magnífico de Machado de Assis. Parte o enredo do pedido de Mariana ao marido Conrado para que troque o chapéu que usa, que julga ultrapassado, para discorrer sobre a sociedade carioca do século XIX.

Pertencentes ao livro "Cidades mortas", os contos "Noites de São João" e "Pedro Pichorra" se inscrevem no universo rural tão caro a seu autor, Monteiro Lobato. No primeiro, o leitor mergulha no universo mágico de uma autêntica festa junina. No segundo, conhece a história do protagonista, que acredita ter encontrado um saci – será?

Extraído do livro "Várias histórias", o conto "Dona Paula" traz a história de um casal que, vitimado pelo ciúme, se separa por um tempo. É aí que entra no enredo Dona Paula, tia da esposa, que busca ajuda o casal, fazendo a mediação. No entanto, quando Dona Paula descobre que o "outro" é filho de um homem com quem no passado se relacionou, em caso muito parecido, fica muito abalada.

No conto "A Sereníssima República", Machado de Assis tece uma crítica mordaz ao processo político-eleitoral de seu tempo, crítica essa válida em sua plenitude ao que o leitor assiste na terceira década deste século XXI. Como de praxe, o autor faz uso de uma exploração psicológica, categorizando animais segundo suas qualidades, fixando um paralelo com os vícios e virtudes dos políticos e do povo.

Em "O cônego ou metafísica do estilo", narra-se a história do cônego Matias, que em vão tentava concluir o sermão que vinha escrevendo, pela falta de um adjetivo. Em "Um apólogo", o diálogo dos personagens, uma agulha e um novelo de linha, serve de base a uma crítica social, notadamente à inveja e ao ciúme.

No conto "O caso da vara", de Machado de Assis, conta-se a história de Damião, seminarista avesso à vida religiosa. Tanto desgostava do futuro que lhe fora imposto, que um dia foge de seminário e busca abrigo na casa de Sinhá Rita, amiga da família (se voltasse pra sua casa, o pai decerto o mandaria de volta para o seminário).

O leitor encontra neste conto "O diplomático", de Machado de Assis, um tema recorrente no conjunto de sua obra: as fraquezas humanas. Como enredo, lê-se nele a história do personagem Rangel, cujas ações, pífias, não correspondem aos sonhos de grandes dimensões que tem.

No conto "Aires e Vergueiro", Machado de Assis traz o mote recorrente do triângulo amoroso. Carlota é esposa de Vergueiro, mas acaba se envolvendo com Aires. O grupo planeja vender seus bens e viver viajando. Buscam fazê-lo com discrição, então Vergueiro vai para Buenos Aires, para esperar que Aires e Carlota aí o encontrem. Mas estes têm outo plano...

Em "Flor anônima", narra-se a vida de Martinha, mulher solteira de 43 anos. Quando volta de um casamento, Martinha abre a caixa onde guarda as cartas que recebia dos pretendentes quando era jovem e reflete sobre sua condição. Já em "Folha rota", Machado de Assis traz ao leitor o cotidiano de mulheres livres e pobres: Luísa, 18 anos, órfã, vive com sua tia Ana Custódia. As duas costuram para sobreviver.

Em "Como se inventaram os almanaques" Machado de Assis concede ao Tempo o papel de protagonista. Personificado e tratado com inicial maiúscula, ele dialoga com uma jovem curiosa, revelando reflexões sobre a vida, a passagem dos dias e a necessidade humana de organizar o futuro. O diálogo, carregado de ironia e inteligência, expõe tanto o caráter efêmero da existência quanto a tentativa incessante de controlar aquilo que inevitavelmente escapa às mãos humanas.

Neste conto "O comprador de fazendas", Monteiro Lobato deixa entrever "a contação de causos" tão cara ao conjunto de sua obra. O enredo tem lugar numa fazenda do Vale do Paraíba, chamada "Espigão", onde moram Moreira e sua família. O maior desejo do fazendeiro é vender a propriedade, que não vale nada. E surge uma oportunidade: o comprador Trancoso.

Neste conto, Raul Pompeia confere ao leitor a possibilidade de resolver o mistério por si mesmo. Narra-se aqui o suposto rapto da menina Vevinha, filha do carpinteiro Eduardo, que desaparece de casa subitamente. Viúvo, ele só tinha a filha como motivo de viver. O suspeito? Seu sócio Matias.

"No mar" conta a história de Júlio e Júlia, que se conheceram junto à murada de um navio e tiveram visões distintas um do outro, reveladas ao leitor em final surpreendente. Como é também surpreendente todo o conto "Rogério, o rude", verdadeira analogia em torno da ambição, cercada de imagens incomuns ao estilo de Raul Pompeia.

Estes dois textos extraídos de "Contos da Aldeia", de Alberto Braga, refletem a pureza idealizada do universo rural português. Em "A sesta do avô", o velhote revive em um sonho sua participação na resistência à invasão de Napoleão. E em "O sonho da noviça", outro sonho materializa o desejo de Gertrudes, a noviça, constituir família.

No conto "À margem dum soneto", de Florbela Espanca, o leitor encontra um extraordinário e delicado trabalho de metalinguagem. Narrado em terceira pessoa, o texto apresenta duas narrativas, estando uma dentro da outra. O enredo tem sua origem com a protagonista, uma jovem poeta, contando ao marido que concluiu... seu livro.

Trazendo ao leitor outra de suas histórias bem contadas, Maria Amália Vaz de Carvalho apresenta nesse conto "A preceptora" a triste história de Marta, que educa as filhas de um comendador, e cuja paixão – correspondida, mas impossível – por Julião, irmão das meninas, é reiteradamente posta à prova.

Em "O relógio de ouro", de Machado de Assis, recorta-se na história do casal Clara e Luís Negreiros o momento em que ela fica sabendo que o marido a trai. O relógio de ouro? Um presente da amante para Luís.

Um mistério envolve a pequena Bertha. Em meio a um cenário romanticamente descrito, com grande foco no jardim amado pela menina, vai se desenhando uma sombra negativa sobre a família que até então era feliz. Com contornos sobrenaturais, o enredo tem um final inesperado.