
#160: Qual o papel das mulheres nas ciências cognitivas? “Produção de conhecimento não é neutra”, defende pesquisadora
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O Brasil está na linha de frente de um dos campos mais promissores — e desafiadores — da ciência contemporânea: a neurotecnologia. A afirmação é da pesquisadora Fabiana Nascimento, especialista em neurociência e comportamento, que atua no desenvolvimento de tecnologias aplicadas à saúde e à educação, com foco em populações historicamente negligenciadas. Em entrevista ao Mulheres Reais, Fabiana explica que os avanços no uso de interfaces cérebro-máquina já permitem, por exemplo, que pessoas com paralisia possam interagir com o mundo por meio de comandos mentais. “Essas tecnologias já são realidade em ambientes clínicos experimentais. Mas o que me preocupa é quem terá acesso a elas”, afirma. A pesquisadora faz um alerta sobre os riscos de aprofundamento das desigualdades. Para ela, o potencial emancipador da neurotecnologia só se realizará se houver investimento público, regulação ética e políticas de inclusão. “É preciso discutir a regulação do uso de dados neurais, a autonomia cognitiva e, principalmente, a equidade no acesso”, pontua.
Nascimento também chama atenção para a dimensão de gênero no campo científico. Segundo ela, as mulheres ainda enfrentam barreiras estruturais para ocupar espaços de protagonismo nas neurociências e nas áreas tecnológicas. “Nós, mulheres, somos minoria tanto nos espaços de decisão quanto nas lideranças de pesquisa. E isso tem impacto direto sobre os caminhos que a ciência escolhe trilhar”, observa. A pesquisadora enfatiza que a produção de conhecimento não é neutra. “Se a maioria das decisões sobre o futuro da mente humana estiver nas mãos de um grupo homogêneo — majoritariamente masculino, branco e de classes altas —, as soluções desenvolvidas refletirão essa visão limitada de mundo”, critica.
Fabiana Nascimento está à frente do World Neurotechnologies Forum, maior evento de neurotecnologia da América Latina, que acontece em São Paulo em 26 de agosto.
O podcast é apresentado por Carolina Ercolin e Luciana Garbin e está disponível em todas as plataformas de áudio.