A Microsoft acaba de fazer uma jogada estratégica de peso: um contrato de US$ 1,9 bilhão com a Nebius — uma nova empresa de nuvem focada em inteligência artificial — com o objetivo de diversificar sua infraestrutura em nuvem e reduzir sua dependência da Nvidia. Embora possa parecer que essa é uma tentativa clara de diminuir o monopólio da Nvidia no fornecimento de chips (GPUs) essenciais para data centers de IA, há uma ironia importante: a Nebius também usa chips da Nvidia em sua infraestrutura. Em outras palavras, mesmo financiando uma nova rival para Amazon Web Services e Google Cloud, a Microsoft continua, de certa forma, alimentando o “poder da Nvidia”.

Esse movimento serve tanto como uma blindagem estratégica — criando uma alternativa que fortaleça sua posição nas negociações — quanto como uma maneira de fomentar competição no mercado de nuvem. Para o Brasil, isso pode representar boas notícias: mais concorrência pode gerar preços melhores e mais opções. Além disso, o caso ressalta a importância de debates sobre soberania digital, mostrando os riscos de depender demais de poucos provedores globais e a relevância de ter fornecedores locais ou múltiplas fontes de tecnologia.

Em resumo, a parceria Microsoft–Nebius é uma peça de xadrez de alto risco e alto valor, revelando como na nova economia da IA, poder e dependência andam juntos — mesmo quando parece que estamos apostando em alternativas.